segunda-feira, 23 de junho de 2014

Texto_original: O Copiisimo de sempre

A eloquência de hoje em dia vem através da cópia. É mais rápido, menos desgastante, furtivo e os ardis já vêm pré-cozidos. É muito mais fácil ser original na desoriginalidade; e as chances de ser mentira ou de estar errado são muito menores. A consagração via trabalho alheio começa muito antes do Ctrl + C, é fato. Há histórias que relatam clubes alemães cujos membros se travestiam de Hitler à luz da guerra. Cover - ou sósia - de Elvis Presley é profissão hoje em dia. Teses de pós-graduação são pegas, na cara dura, em testes de plágio. E o suprassumo: cirurgias plásticas que outorgam ao paciente (cujo problema deve ser  psicológico) a face meticulosamente moldada em cima do rosto de um jogador de futebol ou boneco de ação. Antes do desacordo, é valida a questão: Por onde anda a autenticidade?
O comentário típico de qualquer admirador de banda é sempre favorável às músicas mais antigas. Isso, claro, devido ao fato que as faixas recentes são "mais do mesmo" e bacana mesmo é o primeiro álbum. Já caiu na tipicidade. Quem sofre é a música, uma maltratada viúva de Cássias e Caetanos contemplando o surrupio de Pink Floyd na versão tecnoestranha de alguma banda de axé universitário ou sertanejo de carnaval. Mesma melodia, mas falando de adultério: o "copiismo" acabou até com as regionalidades, da ginga ao funk. A prosa ribeira vistas na músicas caipiras se fundiu ao maxixe pernambucano e gerou um novo estilo, e isso é normal. A musicalidade brasileira sempre foi a miscelânea que foi, mas era original pela própria combinação, mesmo que vinda da boca de um repentista atrás do dinheiro do turista ou da melancolia escoada do dia azul de um sanfoneiro. O que preocupa é que esses estilos todos, frutos de uma razão de ser, são esquecidos à medida que a indústria musical enobrece os ritmos instantâneos e copiados, de sucesso efêmero e de rentabilidade altíssima por parte das gravadoras. O toque de Midas é mais fácil do que se imagina: batida conhecida, mas já obsoleta, somado à letra simples - comum ao público- e a qualquer figura carismática num papel de bode expiatório às avessas. Contas bancárias engordam e a galera vibra. Simples. Nada de novo, de novo. Dos sucessos de bilheteria, mais da metade é refilmagem. Pelo menos uma vez ao ano nasce um livro em que o personagem é um bruxo adolescente órfão. Sete em cada dez tatuagens são símbolos de infinito. O iPhone não é da Apple. Conspiração? Difícil a resposta mas, por vias das dúvidas, o texto não é original deste blog. Naming rights estão na moda.

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