terça-feira, 10 de junho de 2014

Auto-cultura, não Alta cultura

O bocado de filosofia que se pratica é bem menor do que o punhado que se precisa. Não forçadamente a autorreflexão dia-a-dia nem tampouco os livros de autoajuda, com ou sem hífen, das prateleiras de alumínio de loja de (in)conveniência. Jamais isso. A questão é passar da conta no tempero de vez em quando pra tentar quebrar o insalubre do insalobro. Quebrar a malditez da rotina, do cru da alma e da falta de interesse pelo que é interessante. Arte, cultura, um cinema, um livro, dois livros, um teatro, um diálogo. Pode até parecer monótono, mas é justamente o contrário. O que está ao redor - e o cotidiano - ficam bem mais cativantes se você matura a cabeça e prepara o terreno. Torna uma viagem muito mais proveitosa e uma conversa muito menos debatóide. Discutir política então, imagine. A culpa da Dilma do PT do governo da poliça e do povão começa a ser um clichê que vai te dar aversão. E esse avesso ao senso comum é um dos primeiros sintomas de que se está no caminho certo. Aí vem o repúdio às livrarias de rede mais caras do que a Derrama do Brasil colônia e ao Big Brother; um coma quase irreversível. Até vir o constrangimento e pessimismo. Aí passou. A revelia para com o mundão e as burrices nele cometidas vai ser um alvoroço. Esqueça das fases de pupa: a transformação foi feita e efetiva. É claro que é sobre culturalização. E as vantagens para tal compensam bem mais, por mais que sua criticidade lapidada apure sua personalidade e te torne mais chato. Mas é uma mera questão de não se frustrar com toda e qualquer podridão que se vê por aí, por mais custoso que seja. Teu temperamento vai ser instável: ora a libertinagem, ora a cólera. Mas tudo faz parte do processo. Fato é que a vida acerca das coisas fica muito mais esclarecida. Por isso os dois lados do barco. Mas no momento em que se toma gosto por gostar de ter gosto por isso (não desista!) tudo fica mais fácil e a digestão é tranquila. Comece entendendo o que te apetece já que, de novo, a autorreflexão não deve ser imposta se não perde o sentido. Aí vira masoquismo e não é (em momento algum) a intenção do artigo. Se o caboclo gosta já é outra história.
O processo dura pouco pra alguns, muitos pra outros e tem os que nunca vão ler isso - ou sequer uma bula - e vão viver numa boa... E é aí que está o ponto, sua culturalização não tem bula. Culturalize-se do jeito que melhor lhe convier, faça ciência com seus próprios brinquedos. O primeiro passo tá em querer entender mais do que é interessante. Mesmo que seja só interessante pra você. E olha aí o bocado de filosofia que você precisava...

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